quinta-feira, 16 de junho de 2022

Guilty Gear - Um Jogo DO ROCK!

 

Here comes DAREDEVIL!


Guilty Gear, um jogo pra pessoas com nível de habilidades no controle a mais de 8.000! Um jogo DO ROCK, criado por um cara DO ROCK, com músicas DO ROCK! O primeiro jogo saiu para Playstation em 1998, criado por Daisuke Ishiwatari, o cara que fez praticamente tudo do jogo, desde design de personagens, história até trilha sonora, sem falar que é a voz in-game do Sol Badguy. Apesar de o primeiro jogo ter sido superado muito rapidamente pelos seus sucessores, pode-se dizer que ainda é jogável hoje em dia. O design de cenários e personagens é muito bonito, trilha sonora bonita, história bonita, tudo bonito. Tudo lindo. Se tiver interesse, ele está disponível para compra na Steam e em diversas outras plataformas, por um preço bem acessível.

De preferência, se estiver procurando um bom jogo de luta para passar alguns anos, recomendo bem mais o Guilty Gear XX Accent Core Plus R do que o primeiro jogo, também disponível para compra na Steam e diversas plataformas. A melhor parte, é que não é necessário um PC que funcione com células Gear para rodar o jogo de modo satisfatório, relaxa (espero que tenha entendido a referência). Até com um computador ou notebook barato da Positivo dá pra se divertir. 

• Comentário do Diretor do Projeto:

De onde veio a ideia de dublar Guilty Gear? Bom, eu apenas queria ter algo da franquia dublado no canal do estúdio, nenhuma razão em particular senão o fato de gostar da história. A parte mais complicada, sem dúvidas, foi a tradução.

Especialmente das falas do Sol Badguy. O personagem fala de modo bem solto e até caricato em muitos momentos, com "gírias japonesas", digamos assim. Então a tradução exigiu mais concentração, e acho que passei mais tempo trabalhando nas falas dele do que em qualquer outra coisa do projeto, até a direção de dublagem foi tranquila e rápida. Como dubladores, tivemos Gustavo Calastro na voz do Sol Badguy, Estefhany Volpe na voz da Justice e Bruce Watterson (Eu) como Testament. Antes de mim, outros dois dubladores fizeram teste, mas tiveram outras ocupações no período e não puderam gravar, então, fiquei com o papel do personagem. E claro, conseguir a voz do Sol também foi outra pedrinha no sapato— que sujeitinho pra dar trabalho, hein? —, pois apesar de ser um timbre bem comum no Japão, ao se converter isso para o Brasil, é algo bem mais específico; uma voz específica. Não podia ser nem muito grave, nem pouco. Tinha que ter uma voz firme, mas nada no nível de monstro. E em certo dia, esbarrei com o canal do Gustavo no YouTube, e vi que ele já havia feito uma dublagem (sem fins lucrativos) do próprio Sol Badguy, e estava bem interessante para o que eu planejava para o personagem. Assim, entramos em contato com ele, que logo topou participar da nossa dublagem e entregou um trabalho "maravilindo".

A voz da Justice também foi um pequeno problema, mas o primeiro a ser resolvido. No idioma original, em japonês, ela tem uma voz robótica que parece até estar dentro de um aquário, mas é MUITO maneiro. Eu consegui fazer um efeito bem fiel usando simples edição de áudio, mas mostrei para algumas pessoas e disseram que não conseguiam entender certas palavras. Eu só entendia porque já conhecia as falas. Pensei bem e cheguei à conclusão de que não dava pra fazer algo 100% parecido, senão, ninguém entenderia. Então, apliquei o mesmo efeito, só que bem mais suave, para que todos consigam entender e apreciar a bela voz brasileira da Justice.

A princípio, fiquei confuso de como entregaria o material final, relacionado à história. Pois, de acordo com fontes da fandom e Guity Gear Complete Bible, antes de Sol Badguy enfrentar a Justice, os personagens Ky Kiske e Kliff Undersn têm uma luta com ela, e só após isso Sol entra em ação. No primeiro jogo, isto não é explicado, cada personagem tem seu próprio caminho na história. Mas em Guilty Gear XX Accent Core (Plus R), na história da Justice, foi recriada toda a cena do fim do primeiro jogo, com dublagem e mostrando a luta de Ky e Kliff contra Justice, exatamente como devia ser. E ainda conta com uma melhor tradução, que ajudou muito na minha versão.


• A Tradução

Sinceramente, não confio muito em traduções de jogos do japonês para inglês dos anos 80 e 90, e até mesmo algumas do comecinho do século 21. Nem sempre era traduzido corretamente e quando traduziam tudo, preferiam adaptar as falas para algo que soasse bem com o contexto, e Guilty Gear é o exemplo perfeito. Claro que nem sempre funcionava, há diversas falas do Sol, do roteiro em inglês, que não condiziam com o roteiro original. Estavam muito, MUITO, diferentes mesmo, parecendo mais uma fala genérica de roteiro preguiçoso do que uma real adaptação. É certo que adaptações são necessárias, mas o intuito das adaptações é manter o mesmo sentido da fala e o impacto por trás daquilo, mudando apenas as palavras. Devido a isso, escolhi fazer minha própria tradução diretamente do idioma original e com ajuda da tradução nova em Guilty Gear XX ACPR. Dito isso, posso garantir a todos que fizemos uma tradução correta e mais fiel possível.

Há algumas coisas no jogo que foram erroneamente traduzidas para o inglês, como o apelido de Sol, "Chama Corrompida". Vou dar destaque a este ponto: Em inglês, foi traduzido como "Chama da Corrupção" (Flame of Corruption) e isso pegou até nos jogos atuais. Em japonês, traduzindo literalmente, Justice o chama de "Chama Imoral" (背徳の炎/Haitoku no Honoo), lembrando que "Imoralidade" e "Corrupção" são sinônimos. No meio do nome, temos a partícula "no" (), que tem a função de indicar posse, na língua japonesa. Todavia, não é uma regra. Por exemplo: "bolo de chocolate", em japonês fica "chocolate/chokoleeto no cake/keeki" (チョコレートケーキ), que também tem a partícula "no", mas claramente sabemos que o "bolo" não é "do chocolate", e sim o sabor dele é de chocolate. Aqui, o chocolate tem a função de adjetivo. Em "背徳の炎" (Haitoku no Honoo), o mesmo pode ser aplicado. O "Haitoku" (Imoralidade) em conjunto com "no" seria o adjetivo, e "honoo" (Chama) o substantivo. Então, uma tradução mais adequada que mantenha o significado seria "Chama Imoral", e não "Chama da Imoralidade", ou "da Corrupção". Dito isto, optei por "Chama Corrompida", e será assim em todas as nossas dublagens de Guilty Gear. Esperamos a compreensão dos fãs.

E sobre outras adaptações menores, é válido mencionar algumas falas do Sol Badguy. O personagem fala de modo bem "solto" e com... "gírias de rock"...? Então é bem complicado de fazer uma adaptação pra dublagem que mantenha o mesmo sentido. Como "yare yare daze", foi traduzido para dublagem como "Me poupe". Outra adaptação válida seria "E lá vamos nós de novo" (eu particularmente gosto desta). A fala "Tava foda ficar quieto sem fazer nada", no original é: "Ficar parado sem fazer nada tem sido... Heavy (pesado)", fazendo uma clara referência ao gênero musical Heavy Metal.


• A história

Nota: Há muita coisa que acontece antes da história do primeiro jogo, e se quiser entender tudo, precisará ler isto. Retirado e traduzido do manual do jogo.

O século 22... A humanidade conseguiu seu sonho de desenvolver um suprimento de energia natural e ilimitado. Era o alvorecer da Era da Magia. A ciência e a indústria, fonte de poluição ambiental e armas de destruição em massa, foram proibidas. Esta decisão controversa foi para pôr fim à história como a humanidade a conhecia...

No entanto, a abolição da tecnologia fez pouco para aliviar o sofrimento da humanidade. Uma nova guerra eclodiu, alimentada por armas temíveis baseadas em uma teoria mágica em rápido desenvolvimento. Eventualmente, armas biológicas chocantemente poderosas foram produzidas pela fusão de DNA humano e animal com magia, resultando em uma horrível mistura de vitalidade e força bruta. Este foi o nascimento dos Gears.

O poderoso estado militar que produziu os Gears monopolizou o processo de fabricação, trazendo inúmeras outras terras sob seu controle. Esses Gears foram projetados para serem pouco mais que escravos, incapazes de pensamento independente. No entanto, de suas fileiras, uma rebelde apareceu, anunciando-se autoconsciente. Esta insurrecional, chamando a si mesma de Justice, reuniu um exército de companheiros Gears e declarou guerra a toda a humanidade. Apesar das pesadas baixas iniciais para esses Gears renegados, os humanos deixaram suas diferenças de lado e formaram um grupo de guerreiros de elite para combater a ameaça Gear. Este grupo de bravos heróis ficou conhecido como a Ordem Sagrada dos Cavaleiros Santos.

Cem anos de guerra brutal depois...

A batalha feroz entre os Gears e os humanos, que se tornou conhecida como as Cruzadas, finalmente chegou ao fim. A heroica Ordem Sagrada havia selado a Justiça dentro de uma prisão dimensional impenetrável, e era apenas uma questão de tempo até que os Gears sem mestre restantes fossem reunidos e destruídos.

No entanto, cinco anos após o fim das Cruzadas, as paredes da prisão dimensional da Justiça começaram inesperadamente a se desgastar. Avaliando a ameaça diante deles, os líderes mundiais rapidamente organizam um torneio internacional de luta para selecionar membros para uma proposta de Segunda Ordem Sagrada de Cavaleiros Sagrados. Surpreendentemente, dizia-se que o prêmio para este torneio era literalmente qualquer coisa que se desejasse: o vencedor poderia fazer um único desejo... qualquer desejo.

Mas, no pânico em torno da iminente decadência da prisão dimensional de Justice, poucos pareciam notar as regras bastante suspeitas deste torneio, como a recepção de participantes criminosos e a permissão para derramar sangue durante as partidas...


• Considerações finais

Neste momento, deve estar querendo saber se vamos dublar outros jogos da franquia, e a resposta é sim. Mas tudo depende do público, se gostarem ou não, se tivermos uma boa recepção. Todavia, independente da opinião geral, teremos Guilty Gear X Plus, XX Reload, XXACPR com histórias dubladas pra vocês. Claramente não serão as histórias de todos os personagens, sim as mais relevantes. Eu gosto da história de Guilty Gear, mas só até certos acontecimentos. Existem alguns episódios que não vejo muita vantagem dublar.


• Agradecimentos especiais: Gustavo Calastro, Nujaka, Sandro

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